sexta-feira, 30 de abril de 2010

Vísceras, músculos, ossos e formol




O que vi até agora na escola de Medicina além de víceras, músculos e ossos? Vi mais víceras, músculos e ossos! De todas as formas e com diversos contornos, alguns demonstram vida e vitalidade, outros estão vivos, mas apresentam aspecto estranho. Coisa que só o formol pode proporcionar!

Ah o formol! Que arde em nossas narinas e nos afoga em percepções e considerações, nos fazendo perceber que em nossas entranhas há vida, que busca por conhecimento e querer. Querer! Sim, como futuros médicos queremos lutar pela vida, a do outro e a nossa, queremos a prender a fornecer saúde, queremos aprender a viver!!!

Será que mais alguém quer aprender a viver? Alguém aí sabe viver? O formol, em muitos momentos nos cega e deixamos de prestar atenção na vida que está do nosso lado, naquelas víceras, músculos e ossos que ainda andam, falam, gesticulam, amam, sofrem e sentem!

Não quero que o formol me deixe rígido, incolor e estático! Não quero arder nas narinas e nos olhos alheios!

Nosso alvo são nossos futuros pacientes, eles serão velhos, adultos, crianças, alguns talvez ainda nem nasceram, mas já dependem de nós! Sim, eles dependem de nosso esforço, de nossas horas no anatômico, de nossos estudos de fim de semana, de nossa dedicação! Mas eles dependem também de uma outra relação, da relação nossa com o formol. Se nos deixarmos empregnar pelo formol, ficaremos rudes e não os trataremos como merecem.

Podemos fazer um teste para ver se o formol está empregnando em nós; basta vermos como está nossa relação com o colega! Se somos hipócritas, se mentimos, se escondemos descobertas, se deixamos o outro de lado, se temos inveja...Nosso colega merece respeito, como se fosse nosso paciente!

Infelizmente o formol age rápido e facilmente nos deixa rudes e insensíveis! E depois para mudar isso? Bem, sabemos que quanto mais tarde  mais doloroso é para aprender.

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