segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Andreas Vesalius (1514-1564) e a anatomia moderna

Creditam-se a vesalius os fundamentos da moderna anatomia humana, embora Hipócrates e Aristóteles tivessem conhecimento do corpo humano, nenhum dos dois dissecou um corpo humano.

Para percebemos a real importância da obra de Vesalius, precisamos entender a situação da época em que viveu, no período da renascença o conhecimento da anatomia era vago e não se desenvolvia como outras áreas do conhecimento, em partes, tal letargia devia-se ao fato de que a obra de Galeno – importante médico grego do século II d.C – era considerada quase como sagrada e criticá-la era uma heresia. No entanto as observações anatômicas de Galeno eram na verdade fruto de dissecações de cães e macacos.

Ainda nessa época a dissecação de corpos humanos era proibida, somente no início da renascença, século XIII, que algumas cidades italianas permitiram a dissecação de pelo menos um determinado número de réus por ano – de certa forma esses criminosos deram origem à anatomia moderna.

Vesalius nasceu em Bruxelas em 1514 diplomou-se médico em 1537 em Pádua. Um relato do próprio Vesalius descreve as atividades que desenvolvera e que já não queria perpetuar:
 
Depoimento de Andréas Versalius

Hoje eu não passaria, de livre vontade, longas horas no Cemitério dos Inocentes, em Paris, revirando ossos, nem iria a Montfaucon procurar ossos - local onde uma vez, ao lado de um companheiro, fui seriamente ameaçado por muitos cães selvagens. Nem gostaria de ficar trancado do lado de fora do LOUVAIN (da Universidade) a fim de, sozinho no meio da noite, tirar ossos do cadafalso para preparar um esqueleto. Já não terei que me dar ao trabalho de encaminhar petições aos juizes com o propósito de atrasar o dia da execução de um criminoso para um momento mais adequado à dissecação que farei do seu corpo, nem terei que aconselhar meus alunos do curso de Medicina a observar onde alguém foi enterrado ou exortá-los a anotar a doença dos pacientes de seus Professores para poderem depois se apossar do corpo deles. Não terei que mantém durante várias semanas em meu quarto os corpos que tirei de túmulos ou que me foram dados após a execução pública, nem terei que suportar o mau humor de escultores e pintores que me deixavam mais desgostoso do que os corpos que estava dissecando. No entanto, jovem demais para ganhar dinheiro com a arte e desejoso de aprender e levar adiante nosso estudos comuns, pronta e alegremente suportei todas essas coisas.






De humani corporis fabrica, libri septem

O aparecimento deste livro acordou a medicina de quatorze séculos de sono profundo. Um livro inovador, preciso, dotado de grande beleza artística com mais de 200 gravuras. Apontava diversos erros de Galeno e por isso chocou seus contemporâneos, Friedman e Friedland dizem que fabrica foi uma publicação científica que originou a própria ciência Médica.

O livro é composto por cerca de setecentas páginas de fina impressão e é dividido em sete partes, ou sete "livros":



Livro I - dos ossos e das juntas, incluindo ilustrações dos crânios das cinco diferentes raças humanas, o que o torna o primeiro estudo de etnografia comparada;





























Livro II - dos músculos, possui as ilustrações mais famosas do livro;



































Livro III - coração e os vasos sanguíneos;




















Livro IV - apresentação do Sistema Nervoso;




















Livro V - órgãos abdominais;



















Livro VI - órgãos da região do tórax, incluindo uma observação de Vesalius sobre a semelhança do coração com um músculo;


















Livro VII - cérebro.






















Fontes:

FRIEDMAN, M&FRIEDLAND, G.M. - As dez maiores descobertas da Medicina. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

http://spirituslitterae.blogspot.com/2009/05/de-humani-corporis-fabrica-atlas-de.html


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